Por séculos as mulheres lutaram pelo seu lugar na sociedade, tidas como as damas e em muitas ocasiões sendo vítimas dos abusos, arrogância e machismo por parte dos homens, as mulheres lutaram através do tempo pela sua liberdade de expressão, por seus direitos e igualitarismos. Hoje 08 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher, uma data que se tornou possivel pela perseverança e astucia das mulheres que lutam todos os dias perante uma sociedade patriarcal.
Na sétima arte, muito se falou nos últimos anos sobre o empoderamento feminino, na era dos filmes de super-heróis personagens icônicas dos quadrinhos tomaram vida às telas do cinema e consagraram atrizes como Gal Gadot e sua icônica Mulher Maravilha, Brie Larson e sua destemida Capitã Marvel e Scarlett Johanson com sua brava Viúva Negra. Mulheres estas que se tornaram referencias ao publico e se tornaram verdadeiros símbolos de empoderamento e voz para as mulheres que a muito buscavam igualdade em um mundo dominado por homens.
Mas a jornada de grandes mulheres e sua busca pela representatividade e deus devidos direitos não começou aí, desde os primórdios do cinema, mulheres buscam seu lugar ao sol. Na época do cinema mudo, Louise Brooks tornou-se a primeira mulher a destacar-se numa época de opressão onde as mulheres ainda eram vistas como damas do lar. Na virada de cena do cinema para as cores e sons, Vivien Leigh e sua Scarlett O’hara apresentou seu frescor e sensibilidade ao protagonizar o clássico E O Vento Levou, abrindo caminho para que as mulheres pudessem ter esperanças de um futuro melhor.
Se para as mulheres os anos 30 e 40 ainda eram difíceis para alcançar seu estrelato, imagina sendo uma mulher negra, filha de escravos e que tanto a sociedade, quanto a cultura as denominavam como sendo necessariamente as empregadas, foi neste cenário que Hattie McDaniel alcançou um outro patamar, ao vencer o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pelo filme E O Vento Levou. Tornando-se a primeira mulher negra a vencer um Oscar, feito este que levaria mais de 60 anos para voltar a acontecer, onde somente em 2002 Halle Barry tornou-se a primeira e única mulher negra a vencer um Oscar de Melhor atriz. Contudo, McDaniel levou para a história da sétima arte a perseverança de uma mulher que havia lutado por seus direitos, até mesmo para está presente na cerimonia de premiação.
Nos anos 50 Audrey Hepburn tornou-se o centro dos holofotes femininos, ao estrelar o magistral Bonequinha de Luxo, Hepburn tornou-se um símbolo de elegância e charme, um legado que a tornou como referência até mesmo nos dias atuais. Todavia, a sexualização das mulheres no final dos anos 50 e início dos anos 60 levou a mudanças significativas, o cinema passou a confeccionar a mulher perfeita com curvas, seios fartos e audácia, através da icônica Marilyn Moore, o cinema passou a representar as mulheres como estereótipos, e o que era visto como glamoroso e perfeito diante as câmeras possuía uma outra realidade por trás delas.
Com a chegada da nova era do cinema, onde a tecnologia trazia suas primeiras nuances, Carrie Fisher, tornava-se a referência feminina da época, na pele da guerreira intergaláctica Princesa Leia na franquia Star Wars. A década de 70 marcou também o início da carreira de referências femininas que ainda hoje contribuem para o empoderamento feminino no cinema, como Meryl Streep, Jodie Foster e Diane Keaton. Nos anos 80 era a vez de Sigourney Weaver tomar os cinemas com a franquia Alien e encontrar seu estrelato em meio a um universo dominado por homens. Nesta época os filmes de terror tomaram as salas de cinema e as famosas final girls chamaram atenção pelo enredo destemido e inovador atrelado às mulheres nestes filmes.
Junto aos filmes de terror, atrizes como Jamie Lee Curtis, através da franquia Halloween e Heather Langenkamp pela franquia A Hora do Pesadelo, conquistaram fãs no mundo todo e apresentaram astucia e potencial que antes eram voltados ao sexo masculino. Mesmo que o cinema terror tenha tido uma certa baixa de qualidade no início dos anos 90, a segunda metade tornou-se referencial ao apresentar ao mundo as novas finais girls Sidney Prescott, a mocinha nada indefesa da franquia Pânico, imortalizada e ainda hoje cultuada pelo excelente trabalho de Neve Campbell e Julie Walters, dos filmes Eu Ainda Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado, vivida pela bela Jennifer Love Hewitt.
A década de 90 marcou também a consolidação das comedias românticas, onde estrelas tornaram referencias e encantaram públicos, nomes como Sandra Bullock, Salma Hayek, Drew Barrymore, Cameron Diaz, Kate Hudson e Jennifer Aniston, chegavam com um novo frescor, como verdadeiras musas, essas mulheres dominaram a década com filmes icônicos como Enquanto Você Dormia, Quem Vai Ficar com Mary, Nunca Fui Beijada e a sitcom Friends, entre outros. Artistas estas que conseguiram o feito de permanecerem relevantes ainda hoje.
A virada do século abriu não apenas portas para discursões como salários iguais para as mulheres, como também à força que estas possuem, os anos 2000 ficaram marcados pelo crescimento de mulheres em filmes de ação, papeis antes dominados por homens. A primeira grande estrela do cinema a mostrar que não era só um rosto bonito e que podia facilmente realizar cenas de ação e deixar muito marmanjo babando foi a musa Angelina Jolie, em filmes como Lara Croft – Tomb Raider e Sr. e Sra. Smith, Natalie Portman, como a estrela da nova leva de filmes da saga Star Wars e Keira Knightley por Piratas do Caribe, Charlize Theron também dava indícios de sua audácia com Hancock, mas conseguiria chegar ao status quo somente na segunda década dos anos 2000 com o magistral épico futurístico Mad Max – Estrada da Fúria e sua icônica Imperatriz Furiosa.
O fim da primeira década dos anos 2000 e o início da segunda década, tornou-se o auge das adaptações literárias baseadas em sagas destinadas ao publico jovem-adulto, foi neste cenário que o cinema se encantou pela saga de Bella Swan e sua paixão por um vampiro na milionária Saga Crepúsculo, ainda que a atuação da talentosa Kristen Stewart não tenha sido das mais aclamadas, hoje é inegável o tamanho do legado que a Saga Crepúsculo tem na cultura pop. Pegando gancho nos filmes de vampiros a bela Shailene Woodley encontrava seu estrelato junto à Serie Divergente, mas nenhuma chegaria a se igualar ao aclamado trabalho de Jennifer Lawrence na pele da icônica Katniss Everdeen estrela da franquia Jogos Vorazes.
A segunda década dos anos 2000 ficou marcada também pela comoção dos filmes de super-heróis, como citado anteriormente, através deste novo subgênero do cinema fomos apresentados a estrelas como Margot Robbie, Elizabeth Olsen, Zoe Kravitz, Tessa Thompson, Zoe Saldaña, entre outras que moldaram a cultura geek em papeis icônicos, acompanhadas pelas já citadas Gal Gadot, Brie Larson e Scarlett Johanson.
Mas não só as musas da cultura geek se tornaram referência nesta nova era, a voz de mulheres fortes e audaciosas também se tornaram um símbolo de empoderamento e percussão, atrizes como Villa Davis, Anne Hathaway, Emilly Blunt, Emma Stone, Rachel McAdams e Amanda Seyfried tomaram o mundo do cinema para si. Estes ícones lutaram por seus direitos, conquistaram papeis que outrora eram destinados aos homens, conquistaram salários maiores e chegaram a se igualar a atros do cinema neste quesito.
A TV também aumentou a referência a mulheres fortes e audaciosas, mulheres como Emília Clarck, estrela da serie de sucesso Game Of Thrones, lutou pelo direito de livre arbítrio de seu corpo e exigiu que a nudez fosse minimizada na série, assim como conquistou um dos maiores salários da história da TV.
O fim da segunda década dos anos 2000, marcou a indústria cinematográfica pelo movimento Mee Too, onde dezenas de mulheres levou ao publico relatos de abusos sexuais de grandes nomes da indústria cinematográfica. Carreiras foras desestabilizadas e até destruídas com os relatos, porém Hollywood e o resto do mundo abriu uma Paula sobre o alerta ao totalitarismo de homens no poder e suas ações. Mais uma vez as mulheres mostraram suas forças e reivindicaram a liberdade por seus corpos e suas ações, premiações como Globo de Ouro, Bafta e SAG Awards ficaram marcadas em 2018 pela união das mulheres, onde todas foram vestidas de preto.
Mas não é só de lutas e conquistas nas telas que as mulheres se tornaram icônicas, por trás das telas a segunda metade dos anos 2000 trouxe também diretoras que se tornariam grandes conquistas para o cinema, a primeira delas a vencer um Oscar de melhor direção e que não poderia deixar de ser citada, Kathryn Bigelow, que mostrou ao mundo que uma mulher sabe muito bem fazer um filme de guerra e ainda ser aclamada por ele, feito este recebido pelo filme Guerra ao Terror. Patty Jenkins, tornou-se referência ao dirigir o sucesso de publico e critica Mulher Maravilha, o primeiro filme de super-herói estrelado por uma mulher. Chloé Zhao, tornou-se a segunda mulher a ser condecorada com um Oscar de Melhor Direção, tornando-se uma referência para o cinema atual.
Durante mais de um século, é inevitável não comemorarmos as realizações dessas mulheres icônicas e suas conquistas através das décadas, mas é inegável que em pleno 2024 as mulheres do ano não poderiam deixar de ser citadas, a icônica diretora Greta Gerwig e a estrela Margot Robbie que brilharam ano passado no bilionário sucesso de crítica e público Barbie. Um evento cinematográfico como nunca visto antes marcou não apenas a reinvenção da boneca mais famoso do mundo, como abriu debates mundo afora sobre qual o poder da mulher em meio ao patriarcado e o quão aclamadas devem ser suas realizações.
Dificilmente o cinema repetirá tal feito nos próximos anos, mas hoje no Dia Internacional da Mulher, fechar este artigo com este sucesso que referenciou a ambição e a busca das mulheres por seus direitos e autonomias só reforça o quanto o mundo do cinema ainda precisa de melhorias, mas ainda assim o que fora conquistado até hoje já pode ser considerado um grande avanço.